sábado, 17 de novembro de 2007

As Escolhas e a Psicanálise

O ato da escolha está presente em nossas vidas, ainda que disso não tenhamos consciência.

De uma forma geral, colocamo-nos no lugar de vítimas de um inesperado, da própria sorte, ou ainda, buscamos desesperadamente explicações religiosas, genéticas ou o que possa melhor nos situar em certos contextos.

Seguimos em frente, sem que saídas possíveis se vislumbrem em nossos caminhos.

O que é pior, somos detentores de algum conhecimento sobre os nossos sofrimentos, mas deles não queremos saber, evitando-os, fugindo e construindo "defesas poderosas" para que não tenhamos que nos haver com nossas questões.

Óbvio que essas defesas nem tão infalíveis, costumam "capengar", falhar e deixar que brechas se abram em nossas construções de tais saberes.

É o momento em que o sintoma faz as vezes de "remendo/compromisso" com o nosso inconsciente, substituindo a verdade temida por um sofrimento qualquer.

Todos nós, muito bem conhecemos crises inúmeras e inexplicáveis de pequenas doenças e até mesmo as mais graves, que se instalaram sem "explicações" plausíveis. A enxaqueca que nenhum médico dá conta, as crises alérgicas respiratórias ou dermatológicas, os resfriados constantes, a diarréia que antecede a uma decisão importante, enfim, poderíamos enumerar aqui um sem fim de sintomas que "utilizamos" em nossas vidas, encobridores de uma outra verdade.

Fica muito difícil dizer de escolhas perante tais sofrimentos.

Como posso ter escolhido um amor impossível?

Como escolhi fracassar no que mais sonhei para minha vida?

E o que dizer da própria sexualidade, uma escolha feita ainda na infância?

Buscar acomodação num lugar de queixosos é bem comum, e se incômodos maiores não impedirem, aí permanecemos por um bom tempo, se não, por toda a vida.

A depressão, também conhecida como covardia moral, é uma outra saída, que nos dias de hoje se impõe como um mal estar da modernidade. Aí estão as "pílulas milagrosas", e as inúmeras justificativas para o uso das mesmas. Todas elas, com o "aval" de uma sociedade que qualifica os bem sucedidos e felizes e desqualifica o fracasso.

Tal remédio nos faz dormir, um outro nos faz felizes, mais um ...

Vale tudo, menos assumir que há uma verdade outra a ser dita.

Implicar-nos em nossas escolhas, tomar as rédeas e responsabilidades do que somos e buscamos não é uma tarefa fácil.

É exatamente a partir de um sintoma que o angustia e o move na direção de uma cura, que o sujeito busca uma análise.

Ali, ele vai demandar do analista um "suposto-saber" sobre o seu mal.

É a partir dessa demanda, que o analista trabalha esse saber na transferência, tornando possível
um percurso, em que o próprio sujeito construa sua história de vida, retomando um "fio da meada" no seu próprio sintoma.

Fio da meada esse, que o levará aos primórdios de suas escolhas e às vias possíveis de novos posicionamentos na vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tentei enviar fotos da Bebela bailarina mas sua caixa postal do Terra esta cheia.

Kio (26-fevereiro)